sábado, 12 de setembro de 2009

MEDO




Que o meu medo
Seja plenamente
Suportável.

Que a dor
Da minha ausência
Simplesmente
Mal sentida.

Que a falta
Do meu olhar
Nunca te cegue.

Que o silêncio
Da minha voz
Nunca te cale.

Que os meus poemas
Não durmam
Em páginas mofadas.

Que o teu canto
Tenha sempre
Bons ouvidos.

Que o teu beijo
Seja sempre
Doce e delicado.

E que o teu amor
Seja eternamente
Bem vivido!

(Adriano Hungaro
)

ACEITA-ME



Autor desconhecido

Não tenho garantia... nem prazo de validade!
Minha bula é a vida... a dosagem é a dedicação.
O amor doado... o sorriso aberto.
O ser antes do ter... a fé e temor a Deus.
Aborrece-me a injustiça... a violência sem par... a impunidade soberana.
Sou vida, poesia, encanto... no ritmo de uma canção.
O rio que desliza suave... buscando o mar.
Sou carinho... ternura... paixão... sonho... desejo... emoção.
Sou onda do mar... suave, tranqüila, revolta, turbulenta, impetuosa na areia.
Sou horizonte... longe-perto... infinito, misterioso.
Sou nascente, poente... sol, chuva, tempestade.
Aqui, ali, acolá...
Sou o sono reconfortante... que entorpece os sentidos.
Sou menina-mulher-poesia!
Aceita-me como sou...
Sou o eu transverso... que não busca perfeição.
Que aprende enquanto erra... percorrendo caminhos, novos, velhos, de pedra... a busca não cessa.
Tenho um coração... aberto à vida!
Cuide dele...
Pois é assim que sou!
Apenas sou!
...

ELA UNE TODAS AS COISAS




Jorge Vercillo

Ela une todas as coisas
como eu poderia explicar
um doce mistério de rio
com a transparência de um mar ?

Ela une todas as coisas
quantos elementos vão lá …
sentimento fundo de água
com toda leveza do ar

Ela está em todas as coisas
até no vazio que me dá
quando vejo a tarde cair
e ela não está

Talvez ela saiba de cor
tudo que eu preciso sentir
Pedra preciosa de olhar !
Ela só precisa existir
para me completar

Ela une o mar
com o meu olhar
Ela só precisa existir
pra me completar

Ela une as quatro estações
Une dois caminhos num só
Sempre que eu me vejo perdido
une amigos ao meu redor

Ela está em todas as coisas
até no vazio que me dá
quando vejo a tarde cair
e ela não está

Talvez ela saiba de cor
tudo que eu preciso sentir
Pedra preciosa de olhar !
Ela só precisa existir
para me completar

Ela une o mar
com o meu olhar
Ela só precisa existir
pra me completar

Une o meu viver
com o seu viver
Ela só precisa existir
para me completar

sexta-feira, 10 de julho de 2009

RETORNO

As pessoas que frequentam meu blog peço desculpas, pois me afastei por motivos alheios a minha vontade.Pretendo retomar as postagens de uma forma mais assídua agora.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

O Amor

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa

No aconchego do teu corpo encontro a paz...
NECA

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

PASSADO

Como conviver
com o intocável
e inviolável passado
um passado tão presente
e sempre lembrado,
quase adorado e
ainda inacabado...
Queria que o passado,
não fosse presente,
mas apenas fosse passado...
queria eu,
com meu presente,
poder tornar o teu passado
um passado ultrapassado...

Neca

NOITE

Noite sem sono
que infinita se arrasta
e quase me mata de solidão...
Sem você o tempo é cruel
ele machuca...
olho o vazio,
nele não te vejo,
nem te sinto..
Difícil tarefa esta
de ser saudade
de ter saudade...

Neca

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

ELTON JOHN



Your Song
Elton John
Composição: Elton John / Bernie Taupin

It's a little bit funny this feeling inside
I'm not one of those who can easily hide
I don't have much money but boy if I did
I'd buy a big house where we both could live

If I was a sculptor, but then again, no
Or a man who makes potions in a travelling show
I know it's not much but it's the best I can do
My gift is my song and this one's for you

And you can tell everybody this is your song
It may be quite simple but now that it's done
I hope you don't mind
I hope you don't mind that I put down in words
How wonderful life is now you're in the world

I sat on the roof and kicked off the moss
Well a few of the verses well they've got me quite cross
But the sun's been quite kind while I wrote this song
It's for people like you that keep it turned on

So excuse me forgetting but these things I do
You see I've forgotten if they're green or they're blue
Anyway the thing is what I really mean
Yours are the sweetest eyes I've ever seen





Your Song (tradução)
Elton John
Composição:Elton John / Bernie Taupin



Sua Canção

É um tanto engraçado este sentimento interior
Eu não sou do tipo de pessoa que consegue esconder facilmente
Não tenho muito dinheiro, mas garota, se eu tivesse
Compraria uma grande casa onde nós dois poderíamos viver

Se eu fosse um escultor, mas poxa, não sou
Ou um homem que faz poções em um show ambulante
Eu sei que não é muito, porém é o melhor que eu posso fazer
Meu presente é minha canção e esta é para você

E você poderá contar para todo o mundo que esta é sua canção
Talvez ela seja bastante simples, mas agora que está terminada
Eu espero que você não se importe (bis)
Que eu tenha colocado em palavras
Como a vida é maravilhosa enquanto você está no mundo

Me sentei no telhado e retirei o musgo
Bem... alguns dos versos me colocaram em uma encruzilhada
Mas o sol estava adorável enquanto eu escrevia esta canção
É para pessoas como você, que a mantém viva

Então perdoe-me se eu esquecer, mas estas coisas eu faço
Perceba que esqueci, se são verdes ou são azuis
De qualquer maneira, bom... o que eu realmente quero dizer
É que seus olhos são os mais doces que já vi.

sábado, 3 de janeiro de 2009

PALAVRAS






As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpas. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes.
Algumas palavras sugam-nos, não nos largam... As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras. E há os discursos, que são palavras encostadas umas às outras, em equilíbrio instável graças a uma precária sintaxe, até ao prego final do disse ou tenho dito. Com discursos se comemora, se inaugura, se abrem e fecham sessões, se lançam cortinas de fumo ou dispõem bambinelas de veludo. São brindes, orações, palestras e conferências. Pelos discursos se transmitem louvores, agradecimentos, programas e fantasias. E depois as palavras dos discursos aparecem deitadas em papéis, são pintadas de tinta de impressão - e por essa via entram na imortalidade do verbo. E as palavras escorrem tão fluidas como o "precioso líquido". Escorrem interminavelmente, alagam o chão, sobem aos joelhos, chegam à cintura, aos ombros, ao pescoço. É o dilúvio universal, um coro desafinado que jorra de milhões de bocas. A terra segue o seu caminho envolta num clamor de loucos, aos gritos, aos uivos, envoltos também num murmúrio manso, represo e conciliador... E tudo isso atordoa as estrelas e perturba as comunicações, como as tempestades solares. Porque as palavras deixaram de comunicar. Cada palavra é dita para que se não ouça outra palavra. A palavra, mesmo quando não afirma, afirma-se. A palavra não responde nem pergunta: amassa. A palavra é a erva fresca e verde que cobre os dentes do pântano. A palavra é poeira nos olhos e olhos furados. A palavra não mostra. A palavra disfarça. Daí que seja urgente moldar as palavras para que a sementeira se mude em Seara. Daí que as palavras sejam instrumento de morte - ou de salvação. Daí que a palavra só valha o que valer o silêncio do ato. Há também o silêncio.
O silêncio, por definição, é o que não se ouve. O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e as más. O trigo e o joio.
Mas só o trigo dá pão.

José Saramago