sábado, 24 de maio de 2008

Cala-te Boca

Se minha boca calasse,
falariam por mim, os olhos.
Se meus olhos não dissessem nada,
os meus atos colocariam a boca no trombone.
Ainda restarias as mãos,
que tentariam um diálogo mudo.
O coração, que bateria mais forte.
O pensamento, que iria mais longe.
A imaginação, que voaria mais alto.
A esperança, que é a última que morre.
E minha poesia, para falar de amor.

Zacarias Martins

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Sinal de Adeus


Vai dizer que o nosso amor desafinou, perdeu o
prumo,
Desaguou num rio seco e morreu
Vai tentar fazer comparações com outras relações
do teu
Passado, árduo fardo que carrego eu
Vai buscar me convencer que nada
Pode alterar o rumo dessa estrada

Vai alegar que já fizemos tudo, tudo já foi dito e
revisto niente muda o fato, acabou
Pegue as suas coisas, desarruma as minhas, dá um
jeito nos cabelos, lava o rosto, num sinal de adeus
Mas nas últimas palavras beija a minha boca
Desesperada agarro tua roupa
Meu amor não vai me convencer que já não me
quer
Olha nos meus olhos sou tua mulher
Vem me fazer sentir como ninguém mais pôde
conseguir
Teu lugar é aqui


Isabella Taviani

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Inconstância dos bens do mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.


Gregório de Matos