segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

RECEITA DE ANO NOVO



Para você ganhar belíssimo Ano Novo...
Não precisa fazer lista de boas
intenções para arquivá-las
na Gaveta.
Não precisa chorar de arrependimento
pelas besteiras consumadas nem
parvamente acreditar que por decreto
da esperança a partir de Janeiro
as coisas mudem e seja claridade,
recompensa, justiça entre os homens
e as nações, liberdade com cheiro e
gosto de pão matinal, direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo que mereça
este nome, você, meu caro, tem de
merecê-lo, tem de fazê-lo novo,
Eu sei que não é fácil mas tente,
experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

(Carlos Drummond de Andrade)

Um maravilhoso Ano Novo para vocês !
Beijos

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O que é o amor

Maria Rita


Se perguntar o que é o amor pra mim
Não sei responder
Não sei explicar
Mas sei que o amor nasceu dentro de mim
Me fez renascer
Me fez despertar
Me disseram uma vez
Que o danado do amor
Pode ser fatal
Dor sem ter remédio pra curar
Me disseram também
Que o amor faz bem
E que vence o mal
E até hoje ninguém conseguiu definir
O que é o amor

Quando a gente ama, brilha mais que o sol
É muita luz
É emoção
O amor
Quando a gente ama, é um clarão do luar
Que vem abençoar
O nosso amor

terça-feira, 18 de novembro de 2008

AMO-TE







Amo-te a cada batida das ondas nas areias
Amo-te em cada novo orvalho pela manhã
Amo-te em todas as fases da lua
E toda lua sem fase.
Amo-te no poço escuro d’minha alma
Assim como te amo em cada brilhar dos meus olhos
Amo-te nas coisas lindas que tenho pra falar
Amo-te nas horas vazias que não há o que citar
Eu te amo no inevitável dos sentimentos
Nas faltas de razões
E nas súbitas emoções
Amo-te quando te tenho em meus braços
Amo-te quando estás distante dos meus olhos
Eu te amo em todos descolares dos cílios
E em todos os colocares de conchas
Na falta de palavras
No oco do silêncio
No talambor do seu coração
Nos trágicos e frágeis momentos.
Amo-te no lilás das nossas violetas
Amo-te nas cinzas das nossas imperfeitas...
Imperfeitas conjecturas do amor.
Amo-te quando os pássaros levantam vôo
E quando as borboletas saem do casulo.
Amo-te no seu ovário, nas suas pernas, nos seus seios, no seu óvulo...
Nas suas coisas de mulher.
Amo-te porque te faltam coisas de mulher
Amo-te porque tu amas a mulher.
E eu mais te amo, porque sou essa a sua coisa que te falta.
E se pecamos porque nos amamos que não haja explicação para esse amor sem tamanho.



Daniella Paula

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Meu olhar nos teus olhos...




Meu olhar nos teus olhos
tua boca em minha boca
teus seios em minhas mãos
tuas mãos em meu rosto:
São os primeiros solfejos!
Meu rosto em teus cabelos
tua voz em meus ouvidos
meus braços em teu corpo
teu corpo colado ao meu:
vibram as cordas dos sentidos
é a sinfonia que arrebata
ao som de gemidos e palavras!
Resvalo em fuga para me esconder
entre as pilastras do teu corpo
mãos espalmadas sobre teu ventre
...e a fonte em minha voz!

Fizemos amor!
Não esqueço!
É cena parada em minha mente!

...e continuamos,
repetindo tudo:
tua boca em minha boca
minhas mãos em teus cabelos
[emaranhadas
e os nossos corações pulsando juntos.
É o êxtase!
Eis o final!
A sinfonia estertora
ao ranger de dentes e lábios que silvam
na contorção vertiginosa
do corpo infiltrando-se pela alma!

É o gozo que aniquila!
A música do amor que termina ou faz pausa para repetição!

Cassandra Rios

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Eu Te Desejo

Há um não sei que de fascinante
no teu modo autoritário de falar.
Há qualquer coisa provocante
na força penetrante do teu olhar.
Há uma promessa insinuante
no teu jeito de andar.
E em cada gesto uma suavidade cativante
uma ânsia escondida de quem sabe
[provocar.
E o que mais me perturba, francamente
eu queria agora te contar
mas é tão imenso e tão embriagante
que eu tenho medo de falar!

"Eu te desejo!"


Desculpe, amada,
o meu verso incerto
o tremor da minha voz
representado em cada ponto
das reticências...
eu não falo deste amor,
usando simetria
das sílabas contadas
ou dividindo estrofes
num estilo cristalizado
por estudo e trabalho constante.

Eu não sou poeta, eu te amo apenas, e falo impulsionada por esse sentimento que é imenso e maravilhoso...


Cassandra Rios

domingo, 12 de outubro de 2008

Sonho Acordada

Sem saber do amanhã
Sonho acordada
Piso em terrenos desconhecidos
Brinco com fogo
Sem medo de me queimar
Sem medo de errar
Sem medo de amar...

Corro perigo
Finjo não ver
Acredito em destino
E sonhando acordada
Eu aprendo a viver...

Procuro esperança
Me torno criança
Entro na dança
E obtenho prazer...

Sonho acordada
Me sinto amada
Sem medo de nada
Sem medo de ter...

Sonho acordada
Sonhos tão belos
Sonhos de paixão
Cumplicidade
Ternura que sempre quiz
Percorre meu corpo
Minh'alma
Me tráz felicidade
Me acalma ...
E me faz ser feliz!

Angela Bretas

sexta-feira, 10 de outubro de 2008


Eu aprendi...
...que ignorar os fatos não os altera;

Eu aprendi...
...que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;

Eu aprendi...
...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

Eu aprendi...
...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;

Eu aprendi...
...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

Eu aprendi...
...que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.

Eu aprendi...
...que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

Eu aprendi...
...que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;

Eu aprendi...
...que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a;

Eu aprendi...
...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.
(Boa noite , Amor )

William Shakespeare

sábado, 20 de setembro de 2008

PENSANDO EM VOCÊ

ANIVERSÁRIO DE 1 ANO

Dia 15 fez 1 ano que tenho vindo aqui e expressado meus sentimentos, algumas tristezas outras alegrias , mas invariavelmente meus sentimentos com ajuda de grandes poetas e músicos.
Este blog foi e é, minha forma de comunicação, não atualizo da maneira que eu gostaria, espero futuramente poder me dedicar mais a ele.
Mas agradeço de coração a todos que visitaram e continuam visitando estas páginas,em especial à você meu amor, que é responsável por ele continuar existindo neste formato..

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O AMOR MADURO


O amor maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas quase silencioso.
Não é menor em extensão.
É mais definido, colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações:
presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas:
amplia-se com as ausências significantes.


O amor maduro tem e quer problemas,
sim, como tudo.
Mas vive dos problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas trabalhosas
de construir o bem e o prazer.
Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.


Na felicidade está o encontro de peles,
o ficar com o gosto da boca e do cheiro,
está a compreensão antecipada, a adivinhação,
o presente de valor interior,
a emoção vivida em conjunto,
os discursos silenciosos da percepção,
o prazer de conviver, o equilíbrio de carne e espírito.
Carne intensa, alegre, criança, redescobrimento
das melhores dimensões pessoais e alma refeita,
abastecida de todas as proteções necessárias,
um enorme empório de afinidades acima e além
de meras concordâncias intelectuais.
Os problemas daí derivados são os problemas da felicidade.
Problemas, sim, alguns graves.
Mas estalantes de um sentimento bom.


Na infelicidade estão a agressão, o desamor,
o não conseguir, a rejeição, a dor, o cansaço,
a troca com perda, a obrigação, o tédio, o desencontro,
o insulto, o ciúme machucante, as futricas de família,
as peles se eriçando e os toques que dão susto.
Os problemas da infelicidade não devem ser trazidos
para a trama do amor maduro.
O amor maduro é sólido e definido.
Mas estranhamente se recolhe
quando invadido pelos problemas
da infelicidade que fazem a glória do amor imaturo.
Acaba acabando.


O amor maduro não disputa, não cobra,
pouco pergunta, menos quer saber. Teme, sim.
Porém não faz do temor argumento.
Basta-se com a própria existência.
Alimenta-se do instante presente valorizado e importante
porque redentor de todos os equívocos do passado.
O amor maduro é a regeneração de cada erro.
Ele é filho da capacidade de crer e continuar.
É o sentimento que se manteve mais forte
depois de todas as ameaças, guerras ou inundações existenciais
com epidemias de ciúme, controle ou agressividade.


O amor maduro é a valorização do melhor do outro
e a relação com a parte salva de cada pessoa.
Ele vive do que não morreu mesmo tendo ficado para depois.
Vive do que fermentou criando dimensões novas
para sentimentos antigos, jardins abandonados cheios de sementes.
Ele não pede, tem. Não reivindica, consegue.
Não persegue, recebe. Não exige, dá. Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz.
Só teme o que cansa, machuca ou desgasta.


O amor maduro não precisa de armaduras, coices, cargos
iluminuras, enfeites, papel de presente, flâmulas, hinos,
discursos ou medalhas:
vive de uma percepção tranqüila da essência do outro.
Deixa escapar a carência sem que pareça paupérrima.
Demonstra a necessidade sem que pareça voraz.
Define uma dependência sem que se manifeste humilhante.


O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão.
Basta-se com o todo do pouco.
Não precisa nem quer nada do muito.
Está relacionado com a vida e sua incompletude,
por isso é pleno em cada ninharia por ela transformada em paraíso.
É feito de compreensão, música e mistério.
É a forma sublime de ser adulto
e a forma adulta de ser sublime e criança.


É o sol de outono: nítido mas doce.
Luminoso, sem ofuscar.
Suave mas definido.
Discreto mas certo.
Um sol, que aquece até queimar.

Arthur da Távola

domingo, 24 de agosto de 2008

AMPLIDÃO

Elba Ramalho
Composição: Chico César

Deixa eu te guardar, a casa é sua
Faz em mim teu lar, me reconstrua
Queira me habitar onde eu me escondo
Faz deste lugar só seu no mundo

Eu quero ser onde você sossega a alma
E chora e ri
E encontra a calma pra sonhar, sem dormir
Vem acender as luzes que iluminam o meu coração
Vem ter comigo sua parte da amplidão
De minha parte, eu estou aqui...

Eu quero ser onde você sossega a alma
E chora e ri
E encontra a calma pra sonhar, sem dormir
Vem acender as luzes que iluminam o meu coração
Vem ter comigo sua parte da amplidão
De minha parte, eu estou aqui... aqui...

sábado, 23 de agosto de 2008

SAUDADE...SINTO SUA FALTA

LEONINA

Leonina

E se eu insisto no querer
esquecendo da razão
Não pense que é falta de amor próprio
é que eu sou de leão.

Se por onde eu passo me mostro
Voltando toda atenção
Não é só vaidade
Eu nasci de leão.

Se eu morro de amores
mês sim e outro também
Não se espante com minha vontade
Eu sou leonina, meu bem.

Se eu exagero no ciúme
causando confusão
É só o lado inseguro
De uma pessoa de leão.

Quando anoitece, eu ardo
Se amanhece, ardo mais ainda
Não é que eu seja insaciável
É intensidade de leonina

Outras melhores existem, sim.
Mas não te culpo se depois
Ainda vai preferir a mim
É que por ser de leão deixo marcas sem fim.

Milena Palladino

Extraído do blog :
http://milenapalladino.blogspot.com/

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Fragmentos de uma AVENTURA com gosto de MEL

Tanque cheio, abastecidas de refrigerantes, chocolates e salgadinhos....Documentação do carro, minha documentação, tudo quase perfeito....mas nem todo mundo tinha documentação...risos então a nossa entrada no Uruguai foi como poderíamos dizer, ILEGAL...... éramos clandestinasssssssssss








Viagem longa ....e como boas clandestinas, parar para comer...banheiro...nem pensar, só nos restou o acostamento.... e a lua.......risos

Após muita procura, enfim um pouso....e que pouso!!!!(risos)

Depois de um descanso merecido, as clandestinas foram as compras...com muita disposição e devidamente munidas de chimarrão, fomos para a feira de Tristán Narvaja em Montevideo.

Muito famosa, e com tudo que a nossa imaginação possa alcançar ali, bem ao nosso alcance....desde um Ford Bigode até uma laranja... bem quase tudo, ficou faltando o fogareiro primo....risos
Mas voltamos de Montevideo com antiguidades e lembranças impagáveis....

Almoço no Mercado del Pueblo, momento único.....


As Ramblas em Montevideo sendo deixadas para trás...visão de uma capital belíssima.....








Era hora de voltar pra casa, mas não sem antes visitar PUNTA DEL DIABLO....Um lugar lindo, diferente e cheio de magia....







Não encontramos a casa dos meus sonhos, mas realizamos alguns sonhos.....

Devo dizer que esta foi uma DOCE viagem....

Uma Aventura que vai ficar na nossa memória .....em meu coração.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Crônica do amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?

Não pergunte pra mim você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

Arnaldo Jabor

sábado, 21 de junho de 2008

Reach

Reach (tradução)
Gloria Estefan
Composição: Indisponível

Alguns sonhos vivem para sempre no tempo
Aqueles sonhos, que você anseia com todo
coração.

E eu farei o que for preciso
Seguir adiante com a promessa que fiz
Colocar tudo na linha
O que eu esperava, finalmente seria meu

[Refrão]
Se eu pudesse alcançar, mais alto
Só por um instante tocar o céu
Deste único momento em minha vida
Eu vou ser mais forte
Saiba que eu fiz o que pude
Eu colocaria meu espírito a teste
Se eu pudesse alcançar.

Alguns dias são destinados a
serem lembrados
Aqueles dias em que nos
elevamos às estrelas

Então, você prosseguirá com a
distância dessa vez.
Vendo mais a altura, eu me elevo
Que por mais que eu acredito
Tudo mais desse sonho será meu.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos.

A gente pode dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro.

A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos...

TUDO BEM!

O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum...
é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos.

Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos.
Chico Xavier

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Eu queria trazer-te uns versos

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para os ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel.
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube
o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente de puro, ao
vento da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!

Mário Quintana

sábado, 24 de maio de 2008

Cala-te Boca

Se minha boca calasse,
falariam por mim, os olhos.
Se meus olhos não dissessem nada,
os meus atos colocariam a boca no trombone.
Ainda restarias as mãos,
que tentariam um diálogo mudo.
O coração, que bateria mais forte.
O pensamento, que iria mais longe.
A imaginação, que voaria mais alto.
A esperança, que é a última que morre.
E minha poesia, para falar de amor.

Zacarias Martins

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Sinal de Adeus


Vai dizer que o nosso amor desafinou, perdeu o
prumo,
Desaguou num rio seco e morreu
Vai tentar fazer comparações com outras relações
do teu
Passado, árduo fardo que carrego eu
Vai buscar me convencer que nada
Pode alterar o rumo dessa estrada

Vai alegar que já fizemos tudo, tudo já foi dito e
revisto niente muda o fato, acabou
Pegue as suas coisas, desarruma as minhas, dá um
jeito nos cabelos, lava o rosto, num sinal de adeus
Mas nas últimas palavras beija a minha boca
Desesperada agarro tua roupa
Meu amor não vai me convencer que já não me
quer
Olha nos meus olhos sou tua mulher
Vem me fazer sentir como ninguém mais pôde
conseguir
Teu lugar é aqui


Isabella Taviani

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Inconstância dos bens do mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.


Gregório de Matos

segunda-feira, 28 de abril de 2008

É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.

Pablo Neruda

Almas Enlaçadas no Inverno

Queria, hoje, dormir
Com as minhas pernas enlaçadas nas suas...
Roçando meu pé direito no seu esquerdo...
Meus braços em torno da sua cintura
E meu rosto perdido nos seus cabelos...

Dividindo o mesmo travesseiro...
Seus suspiros misturados aos meus...
Seu coração ensaiando com o meu...
Prá acertar os passos do nosso viver...

Sonhar que tudo isto é verdade...
Burlar a realidade e por lá ficar...
Ou então, trazê-lo (o sonho) para cá, meu quarto...
E, de fato, acordar com você ao meu lado...

De noite, balbuciar palavras desconexas...
E você, meio sonolenta, me acariciar...
Como se eu uma criança fosse...
Eu, acordado, fingir que dormindo nada percebia...
Prá aproveitar ao máximo, esse carinho...

Gideon M. Gonçalve

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Ter ou não ter namorado, eis a questão



Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.

Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.

Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.

Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.

Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.

Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.

Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.

Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.



Atribuído a Carlos Drummond de Andrade,
mas é de Artur da Távola.
Extraído do site:
http://www.secrel.com.br/jpoesia/autoria.html

segunda-feira, 14 de abril de 2008

FRAGMENTOS DE UM SHOW MARAVILHOSO

Novamente
Ney Matogrosso
Composição: Fred Martins, Alexandre Lemos

Me disse vai embora, eu não fui
Você não dá valor ao que possui
Enquanto sofre, o coração intui
Que ao mesmo tempo que machuca o tempo
O tempo flui
E assim o sangue corre em cada veia
O vento brinca com os grãos de areia
Poetas cortejando a branca luz
E ao mesmo tempo que magoa o tempo me passeia

Quem sabe o que se dá em mim?
Quem sabe o que será de nós?
O tempo que antecipa o fim
Também desata os nós
Quem sabe soletrar adeus
Sem lágrimas, nenhuma dor
Os pássaros atrás do sol
As dunas de poeira
O céu de anil no pólo sul
A dinamite no paiol
Não há limite no anormal
É que nem sempre o amor
É tão azul

A música preenche sua falta
Motivo dessa solidão sem fim
Se alinham pontos negros de nós dois
E arriscam uma fuga contra o tempo
O tempo salta

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Para você

Poderia esta noite dizer muitas coisas, mas nada seria suficiente para agradecer
o que você tem feito para mim.
Só tenho motivos para sorrir, e agradecer.
Agradecer à Deus por ter permitido este tempo ao teu lado.
Agradecer à você, por ter feito desta minha estada ao teu lado tão harmoniosa e agradável.
Agradecer o carinho e atenção dispensada por todos, inclusive as minhas "amadinhas" elas são
muito especiais.
Sentirei saudades, muita saudade....
Das coisas ruins temos lembranças...
Das coisas boas temos saudades...
Você é a parte boa da minha vida,
obrigada por você existir e fazer parte dela.

domingo, 6 de abril de 2008

QUANDO OS AMANTES DORMEM


Quando as pessoas se amam e querem se amar, selam um pacto; dormir juntas.
E quando se fala "dormir juntos" o sentido é duplo: significa primeiro amar acordado em plena vigília da carne, mas, depois, na mansidão do pós-gozo, deixar os corpos lado a lado, à deriva, dormindo, talvez.
Na verdade, os amantes, quando são amantes mesmo, mesmo enquanto dormem se amam.
Agora ouço esses versos de Aragón cantados por Serat: "Durante o tempo que você quiser nós dormiremos juntos". E penso: É um projeto de vida, dormir juntos, continuamente.
A mesma ambigüidade: dormir/amar juntos, dormir/acordar juntos, ou então, dormir/morrer de amor juntos. Deve ser por causa disto que os franceses chamam o orgasmo de "pequena morte".
Deve ser por isto que os amantes julgam poder continuar amando mesmo através da morte, como Inês de Castro em Pedro, que foram sepultados um diante do outro, para que no dia do reencontro um seja o primeiro que o outro veja.
Amor: Um projeto de vida, um projeto de morte.
Se uma noite dessas o vento da insônia soprar em suas frestas, repare no corpo dormindo despojado do seu lado.
Ver o outro dormir é negócio de muita responsabilidade. Mais que ver as águas de um rio represado gerando uma usina de sonhos, é ver uma semente na noite pedindo um guardião.
Pode ser banal, mas é isto: Amar ... Ser o guardião do sonho alheio.
Os surrealistas diziam: "O poeta enquanto dorme trabalha". Pois os amantes enquanto dormem, se amam. Se amam inconscientemente, quando seus desejos enlaçam raízes e seivas. O pé de um toca o pé do outro, a mão espalmada corre sobre o lençol e toca o corpo alheio e, dormindo, se abraçam animados.
Quando isso ocorre, pode ter vários significados. Talvez um tenha lançado um apelo silencioso ao outro: "Ajude-me a atravessar esse sonho", ou: "Venha, sonhe esse sonho comigo, é bonito demais". E o outro, às vezes, sem se mexer, parte em seu socorro. É que certos sonhos, sobretudo os de quem ama, não cabem num só corpo. Transbordam os poros da noite e pedem cumplicidade. E se há um pesadelo, aí um se agarra ao tronco do outro na crispação do instante, e o corpo do parceiro é bóia na escuridão.
Por isto, no ritual do casamento, quando o sacerdote indaga se os que se amam sabem que terão que se socorrer na saúde e na doença, na opulência e na miséria etc... Deveria se inserir um tópico a mais e advertir: ... amar é ser cúmplice do sonho alheio. Passar a metade da vida dormindo ao lado do outro.
Há pessoas que vivem 25 anos - bodas de prata, 50 anos - bodas de ouro, 75 anos - bodas de diamante - ao lado do outro, e não sabem com que o outro sonha. E há quem passe uma tarde, uma noite ou uma temporada ao lado de um corpo e sabe seus sonhos para sempre.
Engana-se quem escuta o silêncio no quarto dos que amam. Estranhos rumores percorrem o sonho alheio. Não é o rugir do tigre pelas brenhas. Não é o bater das ondas na enseada. Nem os pássaros perfurando a madrugada. São os sonhos dos amantes em plena elaboração.
E se numa noite dessas o vento da insônia de novo soprar em suas frestas, olhe ela janela os muitos apartamentos onde pulsam dormindo os amorosos.
Quando se compra um apartamento novo, nas alturas, alguns compram lunetas e ficam vasculhando a vida alheia. Mas para ouvir o ruído dos sonhos basta abrir os ouvidos na escuridão. Os sonhos pulsam na madrugada.
Era uma vez um chinês que toda vez que sonhava com sua amada acordava perfumado. Deve ser por isso que, ainda hoje, o quarto dos amantes amanhece com um perfume de almíscar, lavanda e alfazema. E é comum achar troféus dos sonhos ao pé da cama de quem ama. Quando se abre a pálpebra do dia, aí pode-se ver um unicórnio de ouro e uma coroa de rubis. À noite os sonhos dos amantes se cristalizam e se liquefazem em beijos e lágrimas.
Quem ama diz boa-noite como quem abre/fecha a porta de um jardim. Não apenas como quem viaja, mas como quem vai para a colheita.
Quando se ama, acontece de um habitar o sonho do outro, e fecundá-lo.

Affonso Romano de Sant'Anna

POEMA DA AMANTE

Eu te amo
Antes e depois de todos os acontecimentos
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.


Eu te amo
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita do tempo
Até a região onde os silêncios moram.


Eu te amo
Em todas as transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.


Eu te amo
Em tudo que estás presente,
No olhar dos astros que te alcançam
Em tudo que ainda estás ausente.


Eu te amo
Desde a criação das águas,
desde a idéia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.


Eu te amo perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até depois que o universo cair sobre mim
Suavemente.


Adalgisa Néri

AMO ESTA MULHER








Amo esta mulher
Que atormenta os meus mais secretos desejos
Amo esta mulher
Que ilumina o meu dia sem ao menos imaginar
que o seu olhar precede um encantamento
Amo esta mulher
Que a cada sorriso enche minha alma de musica e poesia
Amo esta mulher
Que a cada toque desperta em mim
o que adormecido sempre esteve
Amo esta mulher
Que mesmo na distância me faz imaginar tudo para se ter e estar
Amo esta mulher
Que me acompanha deste os tempos
em que eu ainda não sabia o que era amar
Amo esta mulher
que em meus sonhos se transporta em meu corpo
e aquece minhas noites vazias
Amo esta mulher
Que faz reboliço em minha vida
e me faz rir de coisas que nem imaginava ser capaz
Amo esta mulher
Que me provoca com palavras
e depois me faz esquecer tudo com seus beijos e carinhos
Amo esta mulher
Que tem poder sobre meus atos e me responde com gestos
que me fazem calar diante das incertezas
Amo esta mulher
Na única certeza de minha vida...
de que sempre vou amar esta mulher...
sempre vou amar você.






Cássia Leite

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Carinho da igual


Eu quero mais é um carinho da igual.
Beber dessa doçura ímpar feminina-letal.
Trocar tocando seios que se bicam, magnéticos.
Saborear teus cheiros de menina, elétricos.

Eu quero mais é essa doçura sem igual.
Derreter nesses carinhos não homem-sexuais.
Beijar trocando línguas que se roçam, nirvanescas.
Acariciar tua púbis de menina – e sonhar, quixotesca.

Eu quero mais é esse prazer indizível que é teu prazer também.
Esse trocar de iguais tão diferentes de tudo – e tão bom.
Essa magia incandescente que só nasce de pólos-poros-peles iguais,
Que se tocam-retocam-retrocam criando amor.

Eu quero mais é beber dessa magia de nós duas,
Nuas e eternas,
Ternamente nuas,
Virando uma.
Criando mel-de-vida.
Fabricando amor.



(Notívaga Noturna)

Ausência

No silêncio da noite...
pela vidraça do quarto...
vejo sempre a mesma
estrela brilhando
no espaço!

Será que ela me
vê chorando...
será que pensa ser
de dor o meu pranto...
ou até entende que
é de saudade...
as lágrimas que derramo?
Saudade é dor
da ausência...
da ausência física...
da ausência química
que nos
envolve e alucina!

Ausência do calor
dos nossos corpos
se enlaçando...
ausência do
olhar que pede...
e...promete...
só olhando!

Ausência da
esperança...
da ternura...
do riso...
da alegria!

Ausência da paz...
que nos faz de
bem com a vida...
com o mundo...
com o amor!

Ausência de palavras
jogadas fora...
ou lembradas
para sempre!
Saudade é dor
de ausência...
que só
acalma e passa...
com o poder
da tua presença!

Iracema Zanetti

CORPO ADENTRO

Teu corpo é canoa
em que desço
vida abaixo
morte acima
procurando o naufrágio
me entregando à deriva.

Teu corpo é casulo
de infinitas sedas
onde fio
me afio e enfio
invasor recebido
com licores.

Teu corpo é pele exata para o meu
pena de garça
brilho de romã
aurora boreal
do longo inverno


Marina Colasanti

quinta-feira, 20 de março de 2008

Fragmentos

Fragmentos

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e Além Dor!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
É condensar o mundo num só grito!
Beija-me as mãos, amor, devagarinho...
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves, cantando, ao sol, no mesmo ninho...
Beija-mas bem!...
Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei pra minha boca!

Florbela Espanca

domingo, 16 de março de 2008

Lágrimas


Caem dos meus olhos
lágrimas de dor.
Dor de te ver partir,
dor de te ver seguir.
Mas continuo vivendo
e continuo escrevendo,
me descrevendo.
Te desejando
e te querendo.


Neca

One Moment In Time -Um Instante No Tempo

One Moment In Time (tradução)
Whitney Houston
Composição: Whitney Houston

Um Instante No Tempo

Cada dia que vivo
Eu quero que seja um dia para dar o melhor de mim.
Eu sou única mas não [estou] sozinha,
Meu melhor dia ainda não é conhecido.
Eu quebrei meu coração por cada ganho,
Para provar o doce eu enfrentei o sofrimento.
Eu levanto e caio,
Mesmo assim, em meio a tudo, isto persiste...

Eu quero um instante no tempo,
Quando eu for mais do que pensei que poderia ser,
Quando todos os meus sonhos
Estiverem a uma batida de coração de distância
E as respostas couberem todas a mim...
Conceda-me um instante no tempo,
Quando eu estiver correndo com o destino,
Então, naquele instante do tempo,
Eu sentirei, eu sentirei a eternidade...

Eu tenho vivido para ser a melhor,
Eu quero tudo, não há tempo para menos.
Eu tracei os planos,
Agora tenho a chance aqui nas minhas mãos.

Conceda-me um instante no tempo,
Quando eu for mais do que pensei que poderia ser,
Quando todos os meus sonhos
Estiverem a uma batida de coração de distância
E as respostas couberem todas a mim...
Conceda-me um instante no tempo,
Quando eu estiver correndo com o destino,
Então, naquele instante do tempo,
Eu sentirei, eu sentirei a eternidade...

Você é um vencedor durante uma vida
Se você aproveitar aquele instante no tempo,
Faça-o brilhar...

Conceda-me um instante no tempo,
Quando eu for mais do que pensei que poderia ser,
Quando todos os meus sonhos
Estiverem a uma batida de coração de distância
E as respostas couberem a mim...
Conceda-me um instante no tempo,
Quando eu estiver correndo com o destino.
Então, naquele instante do tempo,
Eu serei, eu serei, eu serei livre...
Eu serei, eu serei livre...

terça-feira, 11 de março de 2008

FRAGMENTOS DE UM ENCONTRO MUITO ESPECIAL




"EU NÃO SEI PARAR DE TE OLHAR, NÃO VOU PARAR DE TE OLHAR, EU NÃO ME CANSO DE TE OLHAR"


"Deixa eu te levar
Não há razão e nem motivo
Pra explicar

Que eu te completo
E que você vai me bastar"

"Porque eu sou feita pro amor
Da cabeça aos pés
E não faço outra coisa
Do que me doar
Se causei alguma dor
Não foi por querer
Nunca tive a intenção
De te machucar"

"Eu não quero te perder
Eu não quero te prender
Eu só quero te encontrar, uma manhã e um pouco mais
Um desejo de ti
Um desejo de ir
Pela estrada"

"Minha garganta estranha
Quando não te vejo
Me vem um desejo
Doido de gritar"


"E SUBO BEM ALTO PRA GRITAR QUE É AMOR"






Desculpa...
poema recitado por Ana Carolina no show Dois Quartos
Composição: Indisponível

Te olho nos olhos e você reclama...
Que te olho muito profundamente.

Desculpa,
Tudo que vivi foi muito

profundamente...
Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.

Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.

Até onde posso ir para te resgatar?

Reclama de mim, como se houvesse possibilidade...
De me inventar de novo.

Desculpa...
Desculpa se te olho profundamente,

rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.

A ponto de ver a estrada...
Onde ficam seus passos.

Eu não vou separar minhas vitórias
Dos meus fracassos!

Eu não vou renunciar a mim;

Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.

Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente."

domingo, 24 de fevereiro de 2008

De que Adiantaria?

De que Adiantaria?

Eudes Honorato

Nem sempre, algo distante está longe.
Nem sempre o que não se toca, não se tem.
Nem sempre o que não se vê, está oculto.
Se apenas o estar perto contasse,
Se apenas o tocar fosse a confirmação,
Se apenas os olhos pudessem ver...
De que adiantaria?



Nem sempre o falar é necessário.
Nem sempre o calar é de improviso.
Nem sempre o olhar é silencioso.
Se apenas gritar adiantasse,
Se permanecer quieto fosse essencial,
Se apenas teu olhar emudecesse...
De que adiantaria?



Nem sempre o que é meu está comigo.
Nem sempre controlo meu destino.
Nem sempre sou controlado por ele.
Se tudo me pertencesse,
o que mais alcançaria?
Se eu tudo controlasse
quem me controlaria?
Se apenas minha vida fosse o querer do destino
De que adiantaria?



O meu algo longe e perto,
O que toco até em meu sonho,
O que meu olhar clama em silêncio
Com lágrimas se preciso for.
O que o destino arquitetou e eu encontrei
O que me faz seguir adiante
mesmo com tantas perguntas
É apenas você,
a resposta que me é dada a cada dia.

SAUDADE DE TI


SAUDADE DE TI


Quanta saudade
Do teu cheiro, da tua voz
Do teu jeito meu de ser

De sentir os teus beijos, teus carinhos
E depois enlouquecer
Nessa paz que fica

De não ter tempo nem momento
De ser simplesmente
E fazer acontecer

De quase morrer
Num minuto de incerteza
Por amar mais que queria

Mas como controlar o que não sacia?
E para que calar o que já evidencia?
Aparências? Que sentidos elas tem
Se o amor não as pode ver

Ah! Que saudade de matar
Esse explosivo desejo
De querer até quase enlouquecer

E então sossegar num abraço
Infinitos segundos de reencontro
Para acalmar toda ânsia
E o desespero de não ter

Sugar cada gota desse momento
Para depois novamente
Querer e não poder

(Mirtes Aquino)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

QUERO VOCÊ


Quero você

em todas as luas,

toda nua,

toda tua...

Quero você

em todos os tempos,

a cada momento.

Quero você,

de todas as formas,

em todas as horas...

Quero você...



Neca

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Sentindo Você


Você passou por aqui...

No escuro do quarto na noite

Corpo e vento, luz luar

Meus espaços de repente

Te sentem aproximar

Cada pedaço de pele

Sente o toque da tua mão

Nos cabelos o carinho

Suave dos teus dedos

O corpo arrepia, delícia

Respiro pouquinho, um nada

Procuro até nem me mover

Só te sentindo passear

Brincando na minha pele

E na distância dos tempos

Paro e tento eternizar

O instante em que, mesmo ausente,

Você conseguiu me amar...


Teca®

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Vontade de você


Vontade de me mostrar
e contigo caminhar...
Descobrindo novas rotas,
e te desvendar...
Vontade do abraço,
me encaixo.
Vontade de te beijar...
saudade de te tocar...
Vontade de contigo estar
e novamente te amar.
Felicidade de ver,
do ter.
Vontade,
de você!!!
Neca

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O TEMPO


O tempo de uma vida

(Cora Coralina)

Não sei...
Se a vida é curta ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais,
Mas que seja intensa, verdadeira, pura...
Enquanto durar.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

DUST IN THE WIND -POEIRA NO VENTO






TRADUÇÃO
DUST IN THE WIND-POEIRA NO VENTO
Composição:Kansas

Eu fecho meus olhos
Só por um momento e esse momento se vai.
Todos meus sonhos
Passam diante dos meus olhos, uma curiosidade.
Poeira no vento
Tudo que eles são é poeira no vento.

A mesma antiga (ou velha) canção
Só uma gota d’água no oceano infinito.
Tudo que fazemos
Desintegra-se à terra, embora nós recusamos ver.
Poeira no vento
Tudo que nós somos é poeira no vento.

Não fique parado
Nada dura para sempre, só o céu e a terra.
Isso vai embora
Nosso dinheiro não vai comprar outro minuto.
Poeira no vento
Tudo que somos é poeira no vento (tudo que somos é poeira no vento).
Poeira no vento (tudo é poeira no vento)
Tudo é poeira no vento.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

OS EXCLUÍDOS


Ao contrário do que o título desta crônica possa sugerir, não vou falar sobre aqueles que vivem à margem da sociedade, sem trabalho, sem estudo e sem comida. Quero fazer uma homenagem aos excluídos emocionais, os que vivem sem alguém para dar as mãos no cinema, os que vivem sem alguém para telefonar no final do dia, os que vivem sem alguém com quem enroscar os pés embaixo do cobertor. São igualmente famintos, carentes de um toque no cabelo, de um olhar admirado, de um beijo longo, sem pressa pra acabar.

A maioria deles são solteiros, os sem-namorado. Os que não têm com quem dividir a conta, não têm com quem dividir os problemas, com quem viajar no final de semana. É impossíver ser feliz sozinho? Não, é muito possível, se isso é um desejo genuíno, uma vontade real, uma escolha. Mas se é uma fatalidade ao avesso - o amor esqueceu de acontecer - aí não tem jeito: faz falta um ombro, faz falta um corpo.

E há aqueles que têm amante, marido, esposa, rolo, caso, ficante, namorado, e ainda assim é um excluído. Porque já ultrapassou a fronteira da excitação inicial, entrou pra zona de rebaixamento, onde todos os dias são iguais, todos os abraços, banais, todas as cenas, previsíveis. Não são infelizes e nem se sentem abandonados. Eles possuem um relacionamento constante, alguém para acompanhá-los nas reuniões familiares, alguém para apresentar para o patrão nas festas da empresa. Eles não estão sós, tecnicamente falando. Mas a expulsão do mundo dos apaixonados se deu há muito. Perderam a carteirinha de sócios. Não são mais bem-vindos ao clube.

Como é que se sabe que é um excluído? Vejamos: você passa por um casal que está se beijando na rua - não um beijinho qualquer, mas um beijo indecente como tem que ser, que torna tudo em volta irrelevante - você inclusive. Se lhe bate uma saudade de um tempo que parece ter sido vivido antes de Cristo, se você sente uma fisgada na virilha e tem a impressão que um beijo assim é algo que jamais se repetirá em sua vida, se de certa forma este beijo que você assistiu lhe parece um ato de violência - porque lhe dói - então você está fora de combate, é um excluído.

A boa notícia: você não é um sem trabalho, sem estudo e sem comida - é apenas um sem-paixão. Sua exclusão pode ser temporária, não precisa ser fatal. Menos ponderação, menos acomodação, e olha só você atualizando sua carteirinha. O clube segue de portas abertas.
Martha Medeiros

sábado, 26 de janeiro de 2008

CAFUNÉ






A Vida Que a Gente Leva
Composição: Fatima Guedes

Leila Pinheiro

Não tenho medo de nada
porque vivo minha vida
como quem sorve uma taça
de preciosa bebida
saboreio lentamente
cada hora, cada dia
nas coisas que tão somente
fazem a minha alegria

Eu te dou um forte abraço
eu canto
eu digo um agrado
tudo pra ver teu sorriso
o teu sorriso é sagrado
e, às vezes, apenas isto
é luz que dissipa a treva

A gente leva da vida, amor
a vida que a gente leva


domingo, 20 de janeiro de 2008

Sozinha

Volúpia




Do teus lábios a visão,
provocou forte emoção.
Neles depositei meu beijo,
levada pelo forte desejo.
Desejo de ter prazer,
sentindo mais não poder...
Desejo quase loucura,
envolto em fumaça de ternura.
É quase uma tortura,
tua boca não rever,
teus lábios não tocar...
E mais que prazer,
você não poder me dar.

Neca

sábado, 19 de janeiro de 2008

FRASES


"O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contato de duas substâncias químicas: se alguma reação ocorre, ambos sofrem uma transformação."
Carl Custav Jung
"A alma humana é como a água: ela vem do Céu e volta para o Céu, e depois retorna à Terra, num eterno ir e vir."
Goethe
"Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo. E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar. Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas. Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela."
Fernando Pessoa
"O amor não consiste em fitar um ao outro, mas em olhar juntos na mesma direção."
Antoine de Saint-Exupéry

Aconteceu....


Sonhos loucos... Devaneios...
Ah. Fantasia, imaginação!
Encanto e poesia...
Desaparecem os receios
Fica apenas a emoção
Vibrando com alegria

Será apenas impressão,
O que será tudo isso?
Algo que a alma conhece!?
Explode sem permissão
Sem laços, sem compromisso.
Tão somente acontece...

Há todo um encantamento
Um mistério sem razão
Insistindo em se mostrar
Basta apenas um momento
Reage o coração
Agitado a pulsar...

Soam leves as palavras
Cativando sem se notar
Prendendo toda atenção
O singelo desvendar
Espalha ternura no ar
Provocando ilusão

Primeiro encontro... Surpresa!
Impacto tão delicado
Causando leve torpor
Um misto de gentileza
Que deixa mesmo de fato
Pensamentos de amor...

Priscila de Loureiro Coelho

Foi um beijo...


foi um beijo onde não importava a boca
só tuas mãos quentes me apertando pelas costas
nada estava acontecendo na minha frente
e a ansiedade que havia não era pouca
teus dedos perguntavam pra minha blusa
se meu corpo acolheria um delinqüente
descoladas as línguas um instante
minha resposta saiu um tanto rouca.


Martha Medeiros


Por trás das palavras

Fui absolutamente rendida pelo poder das relações virtuais. Acredito que é possível conhecer alguém por e-mail, se apaixonar por e-mail, odiar por e-mail, tudo isso sem jamais ter visto a pessoa. As palavras escritas no computador podem muito. Mas nem sempre enxergam a verdade.
São sete horas de uma manhã chuvosa. Você não dormiu bem à noite. Põe pra tocar um som instrumental que deixa suas emoções à flor da pele. Vai para o computador e começa a escrever para alguém especial as coisas mais íntimas que lhe passam no coração. Chora. Escreve. Olha para a chuva. Escreve mais um pouco. Envia.
São onze horas da noite deste mesmo dia. O destinatário da sua mensagem está dando uma festa. Todo mundo fala alto, ri muito, rola a maior sonzeira. Ele pega uma cerveja e dá uma escapada até o computador. Abre o correio. Está lá a mensagem. Um texto longo que ele lê com pressa. Destaca algumas palavras: "a saudade é tanta.... sozinha demais.... dividir o que sinto..." Papo brabo. Responderá amanhã. Deleta.
Alguém pode escrever com raiva, escrever com dor, escrever com ironia, escrever com dificuldade, escrever debochando, escrever apressado, escrever na obrigação, escrever com segundas intenções. Nada disso chegará no outro lado da tela: a pressa, a hesitação, a tristeza. As palavras chegarão desacompanhadas. Será preciso confiar no talento do remetente em passar emoção junto de cada frase. Como pouquíssimas pessoas têm esse dom, uma mensagem sensível poderá ser confundida com secura, tudo porque faltou um par de olhos, faltou um tom de voz.
Se você passou a desprezar alguém, pode escrever "não quero mais te ver". Se você ama muito alguém mas a falta de sintonia lhe vem machucando, pode escrever "não quero mais te ver". Uma mesma frase e duas mensagens diferentes. Palavras são apenas resumos dos nossos sentimentos profundos, sentimentos que para serem explanados precisam mais do que um sujeito, um verbo e um predicado. Precisam de toque, visão, audição. Amor virtual é legal, mas o teclado ainda não dá conta de certas sutilezas.

Martha Medeiros

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

CERTEZAS

Não quero alguém que morra de amor por mim...
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um NÃO que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como SIM.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão...
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena.
Mário Quintana

................

Um dia Você Aprende que, depois de algum tempo você descobre a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

William Shakespeare

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

TIRE-O DA CABEÇA

Você estava apaixonado por alguém e levou um fora. Acontece mais do que acidente de avião, desastre com romeiros e incêndio na floresta. Corações partidos é o grande drama nacional. O que fazer? Ainda não lançaram um manual de auto-ajuda que consiga eliminar nossa fossa, e dos amigos só podemos esperar uma frase, repetida à exaustão: tire esse cara da cabeça. Parece fácil. Mas alguém aí me diga: como é que se tira alguém de um lugar tão cheio de mistérios?

Gostar de alguém é função do coração, mas esquecer, não. É tarefa da nossa cabecinha, que aliás é nossa em termos: tem alguma coisa lá dentro que age por conta própria, sem dar satisfação. Quem dera um esforço de conscientização resolvesse o assunto: não gosto mais dele, não quero mais saber daquele prepotente, desapareça, um, dois e já!

Parece que funcionou. Você sai na rua para testar. Sim, você conseguiu: olhou vitrinas, comeu um sorvete e folheou duas revistas sem derramar uma única lágrima. Até que começa a tocar uma música no rádio e desanda a maionese. Você não tirou coisa alguma da cabeça, ele ainda está lá, cantando baixinho pra você.

Táticas. Não ficar em casa relendo cartas e revendo fotos. Descole uma festa e produza-se para matar. Você bem que tenta, mas nada sai como o planejado. Os casais que se beijam ao seu lado são como socos no estômago. Você se sente uma retardada na pista de dança. Um carinha puxa papo com você e tudo o que ele diz é comparado com o que o seu ex diria, com o que o seu ex faria. Chamem o EccoSalva.

Livros. Um ótimo hábito, mas em vez de abstrair, você acha que tudo o que o escritor escreve é para você em particular, tudo tem semelhança com o que você está vivendo, mesmo que você esteja lendo sobre a erupção do Vesúvio que soterrou Pompéia.

Viajar. Quem vai na bagagem? Ele. Você fica olhando a paisagem pela janela do ônibus e só no que pensa é onde ele estará agora, sem notar que ele está ali mesmo, preso na sua mente.

Livrar-se de uma lembrança é um processo lento, impossível de programar. Ninguém consegue tirar alguém da cabeça na hora que quer, e às vezes a única solução é inverter o jogo: em vez de tentar não pensar na pessoa, esgotar a dor. Permitir-se recordar, chorar, ter saudade. Um dia a ferida cicatriza e você, de tão acostumada com ela, acaba por esquecê-la. Com fórceps é que a criatura não sai.

Martha Medeiros

sábado, 12 de janeiro de 2008

"... É como ter o sol irradiante dentro d'alma! É a alegria de andar sobre a terra, e a arte de voar até as nuvens. É o dom de tornar brandos ou duros os deveres...

O amor concilia tudo, prendendo-nos à vida, e pondo-nos no coração o medo de perdê-la(...)

Quantas vidas renascem por um pouco de amor..."


(Clarice Lispector)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Música

Cascata de sons melodiosos
Fragmentos da vida a renascer
Sinfonia em versos harmoniosos
Despertar em cada amanhecer
Mundo de doces recordações
Paraíso louco de sonoridades
Jardim de poemas e canções
Num hino à paz e à igualdade
Voo nas asas da imaginação
Sinto os acordes da bela melodia
Vagueio extasiada na emoção
Sinto perto o som que me arrepia
Música é viagem encantada
É ritmo, dança, deslumbramento
É a natureza em cada madrugada
Explodindo de amor e sentimento...

Lina Pina
DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas...


Mário Quintana ( Espelho Mágico )

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O silênco dos cruéis

Há tanto por fazer...
Muita coisa por dizer!
Só cala quem consente
As injustiças do presente.

Gritos desesperantes
Ficam retidos em estantes
Do armário das confissões
Desses tristes figurões.

São os taciturnos...
Os sisudos diurnos...
Aqueles que não querem pensar
No que nos está a assolar!


Revolta-me esta inconsciência,
Da qual a censura é sócia!
Para quê guardar, dentro de nós,
Aquilo que dá alma à voz?

Irrita-me profundamente
A abstenção indiferente...
A mudez dos cruéis...
O sossego dos tropéis!

Este silêncio atormenta
A epopeica conquista
Da liberdade de expressão!
Temos direito à opinião!

Protestem, clamem, falem
Mas por favor, não se calem!
Não há nada mais cruel
Que reprimir ideias no fel!

Copiado do blogue Arca dos Bonés